terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sábado, 04/09: Antropofagia na Cultura Brasileira



Antropofagia Modernista (anos 1920-30)
Antropofagia Tropicalista (anos 1960-70)
Antropofagia Periférica (anos 2000-??)


Do Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade (1928) até o Manifesto da Antropofagia Periférica de Sérgio Vaz (2007), passaram-se longos 80 anos de história. Neste monte de pedras no meio do caminho, a cultura brasileira vivenciou ainda uma outra proposta estética "antropofágica", formulada e experienciada à sua maneira pelo chamado Tropicalismo (anos 1960-70, sobretudo na música), em plena ditadura civil-militar no país. Tropicalismo que, na opinião de alguns, ainda vive o seu "eterno presente" hegemônico, enquanto para muitos outros há bastante tempo não simboliza mais o Novo, muito menos carrega consigo qualquer Utopia a ser almejada...

Moderna? Tropicalista? Periférica? Como anda a nossa imaginação estética e política?

A próxima sessão do Cine Bijou - Cinema e Memória buscará aprofundar esta importante discussão, que diz respeito ao nosso passado, presente e futuro. Quais as inspirações mútuas destes três importantes movimentos culturais do país? Quais as diferenças substanciais nas suas respectivas propostas políticas e estéticas? Quais continuidades e quais rupturas houve entre cada uma delas? Quem as protagonizou, e quem segue protagonizando?

No próximo sábado (04/09), a partir das 15hs, no mesmo Teatro Studio 184 (Pça Roosevelt, 184), tentaremos abordar este tema fundamental com a seguinte programação:

FILME: "Macunaíma" de Joaquim Pedro de Andrade (1969)

INTERVENÇÃO TEATRAL: com a Companhia Antropofágica

FILME: "Povo Lindo, Povo Inteligente - o Sarau da Cooperifa", de Sérgio Gagliardi e Maurício Falcão (2007)
RODA DE CONVERSA: com a participação de Sérgio Vaz, da Cooperifa, entre outros convidados especiais para comporem a nossa roda livre.

Com a palavra, para esquentar o debate, alguns dos protagonistas e dos textos centrais que marcam estas experiências artísticas.


http://colecionadordepedras1.blogspot.com/2010/08/manifesto-da-antropofagia-periferica.html

Manifesto da Antropofagia periférica - Sergio Vaz


A Periferia nos une pelo amor, pela dor e pela cor.

Dos becos e vielas há de vir a voz que grita contra o silêncio que nos pune. Eis que surge das ladeiras um povo lindo e inteligente galopando contra o passado. A favor de um futuro limpo, para todos os brasileiros.

A favor de um subúrbio que clama por arte e cultura, e universidade para a diversidade. Agogôs e tamborins acompanhados de violinos, só depois da aula.

Contra a arte patrocinada pelos que corrompem a liberdade de opção. Contra a arte fabricada para destruir o senso crítico, a emoção e a sensibilidade que nasce da múltipla escolha.

A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.

A favor do batuque da cozinha que nasce na cozinha e sinhá não quer. Da poesia periférica que brota na porta do bar.

Do teatro que não vem do “ter ou não ter...”. Do cinema real que transmite ilusão.

Das Artes Plásticas, que, de concreto, quer substituir os barracos de madeiras.

Da Dança que desafoga no lago dos cisnes.

Da Música que não embala os adormecidos.

Da Literatura das ruas despertando nas calçadas.

A Periferia unida, no centro de todas as coisas.

Contra o racismo, a intolerância e as injustiças sociais das quais a arte vigente não fala.

Contra o artista surdo-mudo e a letra que não fala.

É preciso sugar da arte um novo tipo de artista: o artista-cidadão. Aquele que na sua arte não revoluciona o mundo, mas também não compactua com a mediocridade que imbeciliza um povo desprovido de oportunidades. Um artista a serviço da comunidade, do país. Que armado da verdade, por si só exercita a revolução.

Contra a arte domingueira que defeca em nossa sala e nos hipnotiza no colo da poltrona.

Contra a barbárie que é a falta de bibliotecas, cinemas, museus, teatros e espaços para o acesso à produção cultural.Contra reis e rainhas do castelo globalizado e quadril avantajado.

Contra o capital que ignora o interior a favor do exterior.

Miami pra eles ? “Me ame pra nós!”.

Contra os carrascos e as vítimas do sistema.

Contra os covardes e eruditos de aquário.

Contra o artista serviçal escravo da vaidade.

Contra os vampiros das verbas públicas e arte privada.

A Arte que liberta não pode vir da mão que escraviza.

Por uma Periferia que nos une pelo amor, pela dor e pela cor.

É TUDO NOSSO!


http://www.lumiarte.com/luardeoutono/oswald/manifantropof.html


Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

Tupi, or not tupi that is the question.

Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.

Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.

Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.

Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem n6s a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaig-ne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos..

Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.

Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe : ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.

O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.

Só podemos atender ao mundo orecular.

Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.

Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.

O instinto Caraíba.

Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.

Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.

Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.

Catiti Catiti

Imara Notiá

Notiá Imara

Ipeju*

A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.

Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comia.

Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?

Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.

A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.

Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.

Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: – É mentira muitas vezes repetida.

Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.

Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.

Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.

As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo.

De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.

O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa.

É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.

O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?

Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.

Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.

A alegria é a prova dos nove.

No matriarcado de Pindorama.

Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.

Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.

Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.

A alegria é a prova dos nove.

A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo – a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.

Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.

A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: – Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.

Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha." (Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)

* "Lua Nova, ó Lua Nova, assopra em Fulano lembranças de mim", in O Selvagem, de Couto Magalhães

Oswald de Andrade alude ironicamente a um episódio da história do Brasil: o naufrágio do navio em que viajava um bispo português, seguido da morte do mesmo bispo, devorado por índios antropófagos.


CINE BIJOU – CINEMA E MEMÓRIA

LOCAL: Teatro Studio 184, Pça Roosevelt, 184 – Centro

PRINCIPAIS AÇÕES: Resgatar e atualizar a memória de um antigo espaço cultural de resistência de nossa cidade (o Cine Bijou), extremamente importante durante a ditadura civil-militar, realizando, em uma de suas antigas salas (a sala Sérgio Cardoso), exibições de filmes, intervenções teatrais e debates entre militantes do período e jovens ativistas sociais de hoje em dia, de modo a fortalecer a discussão em torno do direito à Memória, à Verdade e à Justiça, bem como a reflexão acerca da Cidade e da Sociedade em que vivemos.

REALIZAÇÃO: a Ponte, Núcleo Memória, Teatro Studio 184 e Sarau da Ademar

APOIO: Programa VAI

CONTATOS: bijoucinememoria@gmail.com / 7308-6252 (c/ Alê), 6991-9699 (c/ Danilo)

BLOG: http://www.bijoucinememoria.blogspot.com



Projeto "Cine Bijou - Cinema e Memória"

O Cine Bijou, para quem não o conheceu, foi um dos mais importantes cinemas da cidade de São Paulo. Ficava na Praça Roosevelt e, durante quase todo o período da Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1989) cumpriu um inesquecível papel de resistência simbólica e artística: ali foram exibidos inúmeros filmes críticos e independentes. Fechado no final dos anos 1980 e correndo o risco de ter sua história esquecida ou pouco discutida, seu espaço, no entanto, não deixou de abrigar a arte de resistência, tendo uma de suas salas (a antiga Sérgio Cardoso) se tornado a sede do grupo de teatro dirigido pela militante socialista Dulce Muniz.

Foi juntando a força do significado histórico do Cine Bijou com a garra de militantes que resistiram contra a Ditadura (como a Dulce e os companheiros do Núcleo Memória), e de jovens militantes de hoje, que nasceu a idéia de "reativar" o Cine Bijou.

No Sábado (24/07) demos início a um projeto (que entendemos importante) de preservação crítica da memória: CINE BIJOU – Cinema e Memória. A idéia tem sido resgatar e reocupar, quinzenalmente, sua antiga Sala Sérgio Cardoso por meio do próprio Cinema, do Teatro e de Debates, buscando refletir sobre o Passado e o Presente. Nossa proposta será, por meio de alguns destes filmes – casados a produções atuais, refletir e discutir sobre as tarefas indispensáveis para a construção e aprofundamento democrático em nosso país. A nossa democracia ainda é extremamente frágil e restrita, e o grande desafio que enfrentamos é a sua consolidação e ampliação.

Tendo consciência desta enorme tarefa e se posicionando contrariamente a todos aqueles que, no período democrático, seguem criminalizando e reprimindo os trabalhadores e as trabalhadoras pobres (sobretudo jovens moradores da periferia, mas também a população pobre moradora ou frequentadora do Centro de São Paulo, vítimas do processo de "revitalização" e "higienização" do Centro), o coletivo do projeto Cine Bijou se propõe a (re)ocupar um espaço no Centro exatamente com as pessoas e com as idéias discriminadas por esta lógica autoritária, bastante presente nos nosso dias.

Assim, o Cine Bijou - Cinema e Memória realizará quinzenalmente – sempre aos sábados, às 15hs – atividades gratuitas na antiga Sala Sérgio Cardoso do Bijou (atual Teatro Studio 184).

Tendo como eixo o Cinema e sua discussão, apresentaremos também pequenas intervenções em outras linguagens: teatro, música, artes plásticas, etc.

Desta maneira, entendemos que podemos enfrentar o que consideramos dois importantes aspectos da construção democrática ora em curso: por um lado, fortalecer a preservação e difusão da nossa Memória Cultural e Política da resistência; por outro, ampliar o acesso a essa memória e aos bens culturais atraindo, sobretudo, a participação de adolescentes e de jovens trabalhadores pobres que moram ou freqüentam a região do Centro Velho da cidade de São Paulo. Vale destacar, dentre estes grupos, a importância que damos a coletivos periféricos das mais variadas formas de resistência, dentre os quais está o pessoal do Sarau da Ademar – coletivo de jovens poetas e artistas da Cidade Ademar -, que soma desde o início do projeto.


Paralelamente – e até para que possamos cumprir com êxito as tarefas que nos propomos – faz parte do nossos objetivos a construção de um espaço capaz de atrair e aglutinar jovens artistas, pesquisadores, historiadores e estudiosos das várias áreas do saber, lado a lado com as gerações que viveram e resistiram nesses diversos campos, durante a ditadura.

Deste modo, o Cine Bijou, que desempenhou um importante papel na formação dessas gerações que resistiram nos anos 1960, 1970 e 1980, retoma por meio deste projeto o seu papel junto às novas gerações que, neste início do século 21 estejam interessadas na consolidação e ampliação da democracia em nosso país.

CINE BIJOU – CINEMA E MEMÓRIA

LOCAL: Teatro Studio 184, Pça Roosevelt, 184 – Centro

PRINCIPAIS AÇÕES: Resgatar e atualizar a memória de um antigo espaço cultural de resistência de nossa cidade (o Cine Bijou), extremamente importante durante a ditadura civil-militar, realizando, em uma de suas antigas salas (a sala Sérgio Cardoso), exibições de filmes, intervenções teatrais e debates entre militantes do período e jovens ativistas sociais de hoje em dia, de modo a fortalecer a discussão em torno do direito à Memória, à Verdade e à Justiça, bem como a reflexão acerca da Cidade e da Sociedade em que vivemos.

REALIZAÇÃO: a Ponte, Núcleo Memória, Teatro Studio 184 e Sarau da Ademar

APOIO: Programa VAI

CONTATOS: bijoucinememoria@gmail.com / 7308-6252 (c/ Alê) ou 6991-9699 (c/ Danilo)

BLOG: HTTP://WWW.BIJOUCINEMEMORIA.BLOSPOT.COM

terça-feira, 17 de agosto de 2010

PRÓXIMO SÁBADO (21/08), ÀS 15HS

SÁBADO (21/08), ÀS 15hs: "VIOLÊNCIA E PAIXÃO", de Lucchino Visconti


COMPAREÇAM E DIVULGUEM:

no próximo sábado, dia 21 de agosto,
teremos mais uma sessão do nosso projeto

Cine Bijou - Cinema e Memória

no Teatro Studio 184
na Pça. Roosevelt, 184

Duas mudanças foram feitas, para melhor acomodarmos o tempo de tod@s:

PRIMEIRA MUDANÇA
A partir deste próximo sábado,
as apresentações passarão a ter início às

15h00

SEGUNDA MUDANÇA
Embora houvéssemos anunciado que projetaríamos neste sábado "O Leopardo", de Lucchino Visconti, os organizadores entenderam por bem modificar a programação.
Manteremos o diretor (Visconti), mas trocamos o filme: passaremos

"VIOLÊNCIA E PAIXÃO"

O motivo desta mudança:

A cópia de "O Leopardo" tem
duas horas e quarenta minutos.

Isto impediria que fizéssemos
a roda de conversa ao final.

Gratos pela compreensão
Os Organizadores

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Projeto "Cine Bijou - Cinema e Memória"


O Cine Bijou, para quem não o conheceu, foi um dos mais importantes cinemas da cidade de São Paulo. Ficava na Praça Roosevelt e, durante quase todo o período da Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1989) cumpriu um inesquecível papel de resistência simbólica e artística: ali foram exibidos inúmeros filmes críticos e independentes. Fechado no final dos anos 1980 e correndo o risco de ter sua história esquecida ou pouco discutida, seu espaço, no entanto, não deixou de abrigar a arte de resistência, tendo uma de suas salas (a antiga Sérgio Cardoso) se tornado a sede do grupo de teatro dirigido pela militante socialista Dulce Muniz.

Foi juntando a força do significado histórico do Cine Bijou com a garra de militantes que resistiram contra a ditadura (como a Dulce e os companheiros do Núcleo Memória), e de jovens militantes de hoje, que nasceu a idéia de "reativar" o Cine Bijou.

No Sábado (24/07) demos início a um projeto (que entendemos importante) de preservação crítica da memória: CINE BIJOU – Cinema e Memória. A idéia tem sido resgatar e reocupar, quinzenalmente, sua antiga Sala Sérgio Cardoso por meio do próprio Cinema, do Teatro e de Debates, buscando refletir sobre o Passado e o Presente. Nossa proposta será, por meio de alguns destes filmes – casados a produções atuais, refletir e discutir sobre as tarefas indispensáveis para a construção e aprofundamento democrático em nosso país. A nossa democracia ainda é extremamente frágil e restrita, e o grande desafio que enfrentamos é a sua consolidação e ampliação.

Tendo consciência desta grande fragilidade e se posicionando contrariamente a todos aqueles que, no período democrático, seguem criminalizando e reprimindo os trabalhadores e as trabalhadoras pobres (sobretudo jovens moradores da periferia, mas também a população pobre moradora ou frequentadora do Centro de São Paulo, vítimas do processo de "revitalização" e "higienização" do Centro), o coletivo do projeto Cine Bijou se propõe a (re)ocupar um espaço no Centro exatamente com as pessoas e com as idéias discriminadas por esta lógica autoritária, bastante presente nos nosso dias.

Assim, o Cine Bijou - Cinema e Memória realizará quinzenalmente – sempre aos sábados, às 14hs – atividades gratuitas na antiga Sala Sérgio Cardoso do Bijou (atual Teatro Studio 184).

Tendo como eixo o Cinema e sua discussão, apresentaremos também pequenas intervenções em outras linguagens: teatro, música, artes plásticas, etc.


Desta maneira, entendemos que possamos enfrentar o que consideramos dois importantes aspectos da construção democrática ora em curso: por um lado, fortalecer a preservação e difusão da nossa Memória Cultural e Política da resistência; por outro, ampliar o acesso a essa memória e aos bens culturais atraindo, sobretudo, a participação de adolescentes e de jovens trabalhadores pobres que moram ou freqüentam a região do Centro Velho da cidade de São Paulo. Vale destacar, dentre estes grupos, a importância que damos a coletivos periféricos das mais variadas formas de resistência, dentre os quais está o pessoal do Sarau da Ademar – coletivo de jovens poetas e artistas da Cidade Ademar -, que já começou a somar no projeto.


Paralelamente – e até para que possamos cumprir com êxito as tarefas que nos propomos – faz parte do nosso projeto a construção de um espaço capaz de atrair e aglutinar jovens artistas, pesquisadores, historiadores e estudiosos das várias áreas do saber, lado a lado com as gerações que viveram e resistiram nesses diversos campos, durante a ditadura.


Deste modo, o Cine Bijou, que desempenhou um importante papel na formação dessas gerações que resistiram nos anos 1960, 1970 e 1980, retoma por meio deste projeto o seu papel junto às novas gerações que, neste início do século 21 estejam interessadas na consolidação e ampliação da democracia em nosso país.



CINE BIJOU – CINEMA E MEMÓRIA


LOCAL: Teatro Studio 184, Pça Roosevelt, 184 – Centro


PRINCIPAIS AÇÕES: Resgatar e atualizar a memória de um antigo espaço cultural de resistência de nossa cidade (o Cine Bijou), extremamente importante durante a ditadura civil-militar, realizando, em uma de suas antigas salas (a sala Sérgio Cardoso), exibições de filmes, intervenções teatrais e debates entre militantes do período e jovens ativistas sociais de hoje em dia, de modo a fortalecer a discussão em torno do direito à Memória, à Verdade e à Justiça, bem como a reflexão acerca da Cidade e da Sociedade em que vivemos.


REALIZAÇÃO: a Ponte, Núcleo Memória, Teatro Studio 184 e Sarau da Ademar


APOIO: Programa VAI


CONTATOS: bijoucinememoria@gmail.com / 7308-6252 (c/ Alê) ou 6991-9699 (c/ Danilo)

BLOG: HTTP://WWW.BIJOUCINEMEMORIA.BLOSPOT.COM




Você entra
hoje
de terno
e gravata
no Cine Bijou
à procura
da eterna
bravata
do I love you
e se senta
erecto
e circunspecto
sem perceber
que a poltrona
se assenta
- ancestral -
em plena zona
central
dos anos
sessenta.

Ninguém mais
se lembra
nestas alturas
das barbas
sandálias
posturas
politizadas
de quem trocava
os valores
dos pais
por outros amores
de desconforto:
utopias
especializadas
na raiz
do aborto
insuspeitado
de um novo
país.
(trecho de poema de Minás Kuyumjian Neto sobre o Cine Bijou)

Próximo SARAU DA ADEMAR: Domingo (15/08) às 19hs


na minha quebrada tem poesia..

tem verso alegre, triste

de protesto, de amor

tem rap e rock in roll

tem samba, mpb e tem até ator

mas o que mais tem...é gente que pensa junto...

pra fazer um mundo diferente!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Próxima Sessão (Sábado, 07/08) - "Jango" de Sílvio Tendler + "Poesia Resistente" com Núcleo do 184



"Jango" de Silvio Tendler + "Poesia Resistente" com Núcleo do 184
SÁBADO (07/08/2010), às 14hs no Teatro Studio 184
(Pça Roosevelt, 184 - antiga Sala Sérgio Cardoso do CINE BIJOU)


Às vésperas do Golpe de Estado de 1964, o Brasil vivia um processo de importantes transformações sociais modernizadoras e democratizantes. Durante a curta existência do governo João Goulart (de setembro de 1961 a março de 1964), um novo contexto político tinha se aprofundado no país, sendo marcado por propostas governamentais de cunho popular, as quais acirraram ainda mais a luta social, política e ideológica já movimentada do período. De um lado uma crescente mobilização das classes populares (com destaque para a ampliação do movimento sindical operário e dos trabalhadores do campo), que se confrontava cada vez mais, de outra parte, com uma organização e ofensiva política dos setores empresariais e militares alinhados com os interesses do imperialismo norte-americano. Sabe-se quem levou a melhor na história...

Rodado em 1984, "Jango" (de Silvio Tendler) retrata a carreira política de João Belchior Marques Goulart, presidente deposto pelos civis-e-militares em 1º de abril de 1964. Na obra, Tendler procurou mostrar a política brasileira da década de 60, desde a candidatura de Jânio Quadros, passando pelo golpe civil-militar, as manifestações da UNE e os exílios. O filme é narrado pelo ator José Wilker e conta com depoimentos de Magalhães Pinto, Aldo Arantes, Raul Ryff, Afonso Arinos e Francisco Julião, entre outros.

Neste sábado contaremos também com uma Intervenção Poética do Núcleo do 184: "Poesia Resistente", com textos de Geir Campos, Vinícius de Moraes, Nicolas Guillan, Pablo Neruda, Solano Trindade, Thiado de Melo, Moacir Félix, Afonso Romano de Santana, Cecília Meireles. A seleção de poemas ficou a cargo de Dulce Muniz e Roberto Ascar. E o coletivo de atores e recitadores será composto por Anderson Negreiros, Rubem Espinosa, Roberto Ascar, Leandro Lago, Maria Rita Mello e o músico Lucas Vasconcelos. Sob a direção geral de Dulce Muniz.

Depois seguimos ao nosso Debate Entre Gerações de Militância: o quê mudou da Ditadura Civil-Militar para os nossos dias? Quais desafios permanecem, e como eles estão sendo enfrentados atualmente?